segunda-feira, 1 de outubro de 2007

23 - Nil Nisi Bonum (dos mortos só se fala bem)

À minha mãe.
Depois de morto todo mundo é bom. E um filho falar das qualidades da mãe é... chover no molhado. Mas Dona Odete foi uma mulher ímpar, uma guerreira. Aqueles que a conheceram lembram da sua jovialidade, da sua hospitalidade, da sua franqueza.
Minha mãe se foi. E foi para o alto, pois é no alto, no céu, que imaginamos o lugar para onde vão as almas dos bons, dos entes queridos.
Minha mãe é hoje apenas lembrança... certamente a melhor lembrança.
O lado mais cruel da morte não é a separação, mas o sentimento de que poderíamos ter feito mais pelo ente querido que se foi. Fica sempre aquela sensação de que deveríamos ter falado do nosso amor, da importância daquela pessoa em nossa vida. E eu fiquei com a mágoa de não ter feito mais por ela. Podia tê-la abraçado mais, beijado mais, satisfeito os seus desejos.
Da mágoa fica uma lição: viver cada momento intensamente porque depois da morte fica só o lamento, fica só a saudade.
E agora eu a abraço com os braços do coração.